Management 3.0 é um conceito de Jurgen Appelo, baseado em métodos ágeis de gestão e que pretende revolucionar as formas de gerenciamento a partir do entendimento da complexidade dos relacionamentos e da noção de que uma empresa é um organismo vivo.
A realidade muda, então é de se esperar que as empresas tenham que mudar. Os anseios das pessoas hoje não são os mesmos de outrora e isso faz com que diversos pontos tenham que ser analisados e eventualmente evoluídos, a fim de melhor atender às demandas.
Isso acontece com o modo como os gestores administram o trabalho de suas equipes. É nesse contexto que surgiu a ideia do Management 3.0, visando inovar e revisar as formas de gerenciamento e exercício da liderança nas empresas.
O que é o Management 3.0?
Em 2010, o holandês Jurgen Appelo lançou um livro intitulado “Management 3.0: Leading Agile Developers, Developing Agile Leaders”, que foi um grande marco na forma como o mundo enxerga o conceito de gestão em contextos organizacionais.
Ele se fundamenta nas teorias modernas de sistemas complexos, reconhecendo que as organizações atuais são sistemas ativos e conectados em rede. E, por esse motivo, o gerenciamento precisa estar ligado às pessoas e a seus relacionamentos.
O formato não é baseado em simples listas de verificação ou recomendações para seguir, e sim no entendimento de como as organizações e as equipes ágeis trabalham. Ele fornece ferramentas para que os gestores possam resolver seus próprios problemas. Appelo identifica as práticas mais importantes do gerenciamento ágil e descreve o que fazer para melhorar em cada uma delas.
Por meio do Management 3.0 espera-se que a forma como os times se organizam e executam suas atividades mude, de forma que o trabalho possa ser acelerado e aprimorado constantemente.
Qual a diferença entre o Management 1.0 e o 2.0?
A noção do Management 1.0 nos remete ao início do século XX, onde o foco principal era o desenvolvimento da eficiência das indústrias. As linhas de produção eram a grande novidade e propiciavam que os insumos de entrada se transformassem em produtos ao final do processo.
Nesse cenário, os trabalhadores eram meros “apertadores de parafusos” e precisavam unicamente realizar determinadas tarefas. Assim surgiram as posições de comando, pessoas em cargos com poder para tomar determinadas decisões e fiscalizar o cumprimento das atividades de cada um dos operários.
Aqui nasce a ideia de gerenciamento top-down, onde as estratégias são definidas de modo centralizado por pessoas com posições hierárquicas de nível superior. Essas pessoas não são as que executam as atividades na prática e não há o envolvimento dos operadores nesse processo decisório. Exatamente por isso a forte necessidade de controle.
Esse modelo que perdurou por anos e ainda pode ser visto em raros casos, deixou de fazer sentido para grande parte das organizações. Surgiram novas tendências e metodologias como o Six Sigma, o Balanced Scored Card, a Teoria das Restrições, dentre outros.
A partir dessas novidades, temos o entendimento do Management 2.0 que, na prática, difere muito pouco de seu anterior. Isso porque essas ferramentas não mudaram a forma como o gerenciamento acontecia, apenas incrementaram o poder de controle, visto que as estruturas top-down continuam prevalecendo.
Quais são os princípios do Management 3.0?
A principal fundamentação do Management 3.0 é a complexidade. Por meio desse entendimento, identifica-se a necessidade de priorizar as pessoas e seus relacionamentos ao definir a melhor forma de gerenciar. O conceito é baseado nas seis seguintes abordagens:
Energizar pessoas
Diferente das visões anteriores, passamos a compreender que as pessoas são os ativos mais importantes de uma empresa. Por isso, é papel primordial do gestor mantê-las trabalhando de forma dinâmica, criativa e com motivação.
Empoderar times
As equipes de trabalho devem ter autonomia para se auto-organizar. Para tanto, é preciso dar a elas o poder de decisão, construindo uma relação de confiança e compromisso entre as partes.
Alinhar restrições
Uma vez que os times passam a ter mais independência, é importante que o gestor consiga estabelecer restrições de atuação de modo claro e negociado com os envolvidos. E, claro, essas metas precisam estar de acordo com os propósitos gerais do negócio.
Desenvolver competências
Cabe ao gestor propiciar a evolução dos conhecimentos, habilidades e atitudes de cada membro do time, de modo que o conjunto se torne capaz de processar as demandas e atingir os resultados. Desenvolver as pessoas deve ser algo prioritário.
Crescer a estrutura
Uma vez que a organização cresce, sua estrutura organizacional também precisa evoluir. Isso deve acontecer de forma consistente, sustentável e sem perder de vista o bom ambiente. É preciso que as mudanças não tragam traumas e nem remetam aos conceitos anteriores de gerenciamento baseados em comando e controle.
Melhorar tudo
Buscar continuamente pela melhoria deve passar a fazer parte da cultura da empresa. Algo entendido e desejado por todos. Compartilhar lições aprendidas, estar aberto às críticas e sugestões, se fazer presente para ajudar quem tem dificuldades.
Quais os impactos da gestão ágil nas organizações?
Com certeza, a principal mudança observada após a implantação do Management 3.0 está justamente relacionada à atuação dos gestores e líderes. É preciso que ele tenha foco em algumas questões que são relativamente intangíveis, como o clima no ambiente ou a motivação de cada membro da equipe. O bom gestor, nesse contexto, é aquele que preza pela qualidade do sistema em que as pessoas atuam e não apenas pelo trabalho que elas executam.
Isso significa dizer que esse líder deve propiciar condições para que os resultados sejam otimizados e trabalhar para que as possíveis interferências e outras forças negativas possam ser extintas.
O entendimento da organização como um organismo vivo traz para o gestor a necessidade de um cuidado constante, de atenção aos detalhes e de empatia. Seu gerenciamento não ocorre com base em ordens e sim em inspiração.
Empresas que conseguem trabalhar dessa forma podem ganhar produtividade e capacidade de inovação de modo expressivo. São aquelas que conseguem melhor entender seus clientes e mais estão preparadas para as constantes mudanças exigidas pelo mercado.
Como implantar o Management 3.0 em uma empresa?
Para fazer a revolução proposta pelo Management 3.0, uma série de ações se faz necessária. Primeiro, e mais importante, a organização deve mudar o modo como realiza a gestão de pessoas. Isso porque agora elas passam a ter sua importância reconhecida e precisam ser valorizadas.
O futuro do RH passa pelo big data, que nada mais é que a quantidade absurda de dados a que conseguimos ter acesso em virtude dos avanços em sistemas computacionais. Dessa forma, o gestor ganha poder de barganha ao negociar com seus times, visto que pode se basear em informações precisas e não apenas em opiniões.
Esses dados também propiciam análises financeiras mais acertadas, fazendo com que as metas possam ser estabelecidas de forma a garantir a longevidade do negócio. É importante que toda meta atribuída a um colaborador ou área esteja correlacionada com os objetivos de geração de lucros da empresa.
A terceirização é uma opção interessante, que ajuda inclusive na redução de custos. Quando a empresa conta com um parceiro que realiza determinadas atividades que não estão diretamente ligadas ao seu core business, como a gestão de documentos, ou mesmo atividades administrativas por meio de um BPO, ela pode focar no desenvolvimento daquilo em que realmente é especialista.
Dessa forma, os gestores podem aplicar os conceitos do Management 3.0 apenas considerando os colaboradores que são imprescindíveis para o sucesso do negócio. Nesse sentido, adotar a filosofia lean thinking também pode trazer inúmeros ganhos, pois seus preceitos são correlatos aos do Management 3.0.
Uma vez que as equipes passam a ter maior autonomia, é importante realizar o gerenciamento de riscosde uma forma bastante competente, de forma a evitar que eventuais problemas resultem em questionamentos à adoção do conceito. A utilização de soluções open source pode ser uma das boas alternativas para mitigar essa questão, visto que dá aos usuários uma maior possibilidade de controle.
Sem dúvidas, o Management 3.0 é uma forma de revolucionar a gestão da empresa. Ela promove a melhoria contínua de processos, a busca ágil por soluções, gera ambientes mais propícios à inovação e faz com que as pessoas estejam mais motivadas e engajadas. Não é uma implantação que se dá de um dia por outro, mas os benefícios são imensos e por isso sua adoção precisa ser considerada.
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