A cada ano, vemos aumentar a busca por práticas de sustentabilidade nas empresas. Em um contexto de mercado desafiador, as companhias que evoluem nesse sentido costumam alcançar mais sucesso, graças à imagem diante do público.
Nos últimos anos, o Brasil passou por inúmeras dificuldades do ponto de vista de desenvolvimento monetário e político. Com isso, muitos empresários passaram a se questionar sobre o que poderiam fazer para prosperar, independentemente dos fatores externos. Contudo, engana-se quem pensa que a crise vivida pelo nosso país teve apenas um caráter econômico.
Inegavelmente, o desenvolvimento de um país não pode ser medido de forma exclusiva pela quantidade de riqueza que ele produz. Já não é de hoje que as preocupações com questões sociais também fazem parte das nossas convicções de um mundo melhor.
Mais recentemente, também começamos a desenvolver diretrizes no sentido de preservar nossa riqueza ambiental. Tema importante, especialmente para um país com uma enorme biodiversidade, como é o caso do Brasil.
Isso não significa dizer, no entanto, que esses valores devem ser cultivados e promovidos apenas pelas autoridades públicas. Trata-se de um dever e de uma responsabilidade pulverizados sobre toda a sociedade. Por isso, vamos abordar, neste post, um tema muito importante nos dias atuais: a sustentabilidade.
Quer entender como as práticas de sustentabilidade nas empresas estão sendo adotadas e o que elas proporcionam? Acompanhe!
O que é sustentabilidade?
O termo sustentabilidade tem sido tão explorado por instituições e pelos meios de comunicação que parece até ter se esvaziado um pouco no quesito relevância. Na prática, porém, sua pertinência está mais viva que nunca. Só é preciso ter um pouco de cuidado e responsabilidade com a abordagem dada ao tema para não tornar o debate raso.
Quando falamos em sustentabilidade, a primeira coisa que passa pela cabeça são as questões ambientais, certo? Entretanto, a sustentabilidade não é somente isso.
Seguindo uma visão mais contemporânea, a sustentabilidade funciona como um sistema que integra três valores fundamentais: as pessoas, o planeta e o lucro. Também são conhecidos, mundo afora, como os 3 Ps da sustentabilidade: people, planet e profit. Tal sistema foi denominado por John Elkington de Triple Bottom Line.
Proteção ambiental
Por mais que existam objeções à cientificidade da tese do aquecimento global, da contaminação das águas, da atmosfera e do solo, não tem como negar: a atividade humana tem sido bastante nociva ao planeta e ao ecossistema que o habita.
Assim, se ações corretivas não forem implementadas com urgência, muitas plantas e animais podem estar com seus dias contados. E nós, seres humanos, também não escapamos.
Responsabilidade social
A responsabilidade social é o pilar da sustentabilidade, preocupando-se não apenas com o capital humano da empresa, mas com todas as pessoas que são direta ou indiretamente afetadas pelas operações da instituição. Estão incluídos aí a comunidade local, o consumidor e a sociedade como todo.
Nesse sentido, a ação corporativa deve ir muito além de tentar suavizar eventuais impactos negativos à coletividade. Precisamos pensar em como, podemos melhorar o mundo para nossos vizinhos dentro das nossas possibilidades, contribuindo com iniciativas que engrandeçam o homem em sua dignidade — seja na educação, na cultura, na segurança, na saúde ou, na verdade, em qualquer outra área.
Prosperidade econômica
A essa altura, você deve estar pensando que implementar iniciativas voltadas para a preservação do meio ambiente e a promoção da qualidade de vida das pessoas pode onerar excessivamente a empresa, a ponto de reduzir sua competitividade no mercado por gerar custos excessivos.
Mas saiba desde já: essa visão está totalmente equivocada, uma vez que deixa de fora da equação uma série de benefícios não mercadológicos para o negócio.
Como exemplo, podemos citar o comportamento do consumidor moderno, que pesquisa e investiga informações sobre os valores das empresas antes de escolher os produtos que compra. Além disso, a sustentabilidade já tem um impacto tão grande no mercado que chega a influenciar o valor das ações da companhia.
Em outras palavras: ser sustentável é lucrativo! Aliás, se uma empresa não for lucrativa, ela deixa de ser considerada sustentável.
Muitas grandes empresas já estão conquistando bastante capital com práticas sustentáveis, tais como a reciclagem e a economia de água e de energia elétrica. O aspecto econômico também é muito relevante para a sustentabilidade, já que, se gera prejuízo, a iniciativa não dura muito tempo.
Além disso, se as práticas sustentáveis reduzirem a competitividade do negócio, levando à diminuição do lucro, pode haver reajuste de preço. Aí, quem sai no prejuízo é o consumidor, que tem que pagar mais caro, bem como o trabalhador, que pode ser demitido.
Sem contar que, nesse cenário, abre-se um espaço no mercado que pode acabar preenchido por empresas que não se importam com o meio ambiente, prejudicando também o planeta.
Como colocar em prática?
Vamos, agora, a algumas práticas para você ver como não tem mistério!
1. Avaliar a cadeia de fornecedores
Recentemente, uma das maiores franquias de delivery de pizzas do país anunciou que deixará de comprar ingredientes fornecidos por uma empresa envolvida em escândalos de corrupção. Mas por quê?
A verdade é que a imagem empresarial demora anos para se consolidar e apenas alguns instantes para desmoronar — principalmente na era digital. Isso sem falar que o consumidor está cada vez mais consciente de tudo o que consome.
Por essas e outras, a escolha de fornecedores deve ser feita de forma criteriosa, levando em conta os valores sociais, econômicos e ambientais que compartilham com os parceiros comerciais.
2. Gerar empregos em comunidades carentes
O desemprego é uma mazela social que pode ser considerada como a origem de muitas outras. Sem um emprego, a maior parte das pessoas não tem acesso a uma renda estável, fazendo com que famílias não consigam moradia, vestimentas e alimentação adequadas. Tudo isso contribui, inclusive, com o aumento dos índices de criminalidade.
3. Diminuir o uso de papel
O avanço da tecnologia permite que utilizemos cada vez menos papel e, consequentemente, contribuamos cada vez menos para as emissões de gases poluentes e a derrubada de árvores. Se for extremamente necessário, dê preferência ao papel reciclado.
4. Tirar a certificação ISO 14001
Tem crescido muito, dentro e fora do Brasil, o número de empresas com a certificação ISO 14001. E é absolutamente inegável a vital importância do treinamento e da informação nesse processo de transformação dentro da empresa.
5. Adotar a iluminação de LED
O tipo certo de lâmpada pode fazer com que a empresa use menos energia elétrica, gerando benefícios para o planeta e também para seus cofres.
6. Promover a transparência com o público interno
A comunicação eficiente, direta e transparente com os colaboradores, chamando-os para que se inteirem dos assuntos da empresa, é uma prática simples que pode ajudar bastante a melhorar o clima organizacional. Isso pode conduzir ao aumento na produtividade dos funcionários, refletindo, consequentemente, na lucratividade da empresa.
7. Usar equipamentos ecoeficientes
Geralmente, equipamentos mais antigos consomem mais energia. Assim, a troca por ferramentas mais modernas, com selo de consumo A, pode ajudar o planeta e ainda economizar bastante dinheiro para a empresa.
8. Estimular o transporte coletivo
Disponibilizar um ônibus da empresa para realizar o transporte diário dos funcionários pode melhorar (e muito) a qualidade de vida dos colaboradores e a estima que eles têm pela empresa. Além disso, essa medida reduz a emissão de poluentes gerados pelos carros de passeio e ainda melhora o trânsito da cidade! Se isso não for possível, que tal ao menos estimular um programa coletivo de caronas?
9. Desligar os equipamentos
Sabia que muitos equipamentos (como computadores e eletrodomésticos) consomem uma significativa quantidade de energia até mesmo quando são mantidos em modo stand by? Assim, desplugá-los da tomada também pode reduzir o consumo de energia elétrica da empresa.
10. Buscar fontes alternativas de energia
Sempre que possível, dê preferência ao uso de energias limpas — como é o caso da energia solar e da eólica. E se, por um lado, o investimento financeiro é de longo prazo, os benefícios do ponto de vista da sustentabilidade são imediatos!
Quais são as empresas consideradas como exemplos de sustentabilidade no Brasil?
Conforme mencionado, a sustentabilidade é um fator que também está presente nas empresas brasileiras, contribuindo para seu sucesso graças à cultura organizacional e à imagem pública que são construídas.
Definir procedimentos sustentáveis, transformar modelos antigos e incorporar o tema aos valores empresariais são ações cada vez mais comuns aderidas pelas companhias atuantes no mercado.
Por um lado, adotar uma postura que visa à sustentabilidade é um grande desafio para qualquer organização, pois faz com que a empresa olhe para além de suas atividades do dia a dia e busque que seus serviços e produtos atendam às necessidades dos clientes de forma satisfatória. Ao mesmo tempo, contribuem para o desenvolvimento justo e para a conscientização da sociedade.
Por outro, a introdução de novas tecnologias tem facilitado o processo para que os negócios cumpram seus papéis de impactar a sociedade positivamente — seja diminuindo o consumo de energia elétrica, seja reduzindo a poluição nos processos produtivos ou promovendo ações sociais.
Conheça, agora, alguns exemplos de empresas sustentáveis em nosso país.
Natura
A empresa figura entre os negócios sustentáveis de destaque, graças ao seu foco na área socioambiental e às iniciativas de aumentar o impacto positivo para toda a sociedade — e não apenas gerar lucro próprio.
Entre as ações mais notáveis da Natura estão:
- auxílio às consultoras que vendem os produtos para que elas consigam cursar uma faculdade e aprender inglês;
- criação do IPS (Índice de Progresso Social) em parceria com a Coca-Cola. O índice é utilizado para melhorar a atuação das empresas extrativistas que fazem parte de uma cadeia de fornecimento no Amazonas. A partir dele, foram identificadas as necessidades de investir em saneamento e infraestrutura na região;
- transparência social, que informa aos compradores qual é o impacto positivo provocado pelos produtos adquiridos na loja virtual — mostrando quais as contribuições da compra, como preservação florestal ou ações educativas, por exemplo.
A Natura ainda conta com a Visão de Sustentabilidade 2050, um conjunto de diretrizes que objetiva ampliar o impacto positivo da empresa até 2050, com ações que envolvem desde os produtos até a gestão.
Santander
De acordo com uma avaliação de 2012 da revista Newsweek, o Santander Brasil alcançou uma Pontuação Verde de 85,7 pontos, passando a ser considerada a empresa mais sustentável do mundo daquele ano.
O título de organização modelo em sustentabilidade é fruto de várias iniciativas tomadas pelo negócio, com destaque para um questionário que o Santander envia aos clientes para que eles compartilhem suas práticas ambientais.
Além disso, a empresa orienta os clientes que solicitam financiamentos e empréstimos a seguirem ações mais sustentáveis nas suas rotinas, fato que também contribuiu para a sua posição de destaque no ranking mundial.
Itaú
Para o Itaú Unibanco, o foco na sustentabilidade é essencial para a manutenção dos negócios no curto, médio e longo prazos, intenção da empresa para uma entrega duradoura de valor a todas as partes interessadas.
Essa visão propõe estruturar um modelo de gestão que considera e administra positivamente os impactos das operações do negócio no meio ambiente e na sociedade. Tudo isso, ao mesmo tempo em que se busca o melhor resultado para os acionistas e demais públicos.
Em 2010, o Itaú Unibanco atingiu um amadurecimento elevado sobre o que a sustentabilidade representa para seus negócios, intensificando os processos de reflexão e incorporação do assunto em todas as suas esferas. Esse exercício permitiu ao banco alcançar um alinhamento global do tema nas suas operações e processos.
Para isso, a instituição bancária se apoia em pontos como:
- estratégias de atuação claras e bem definidas;
- políticas que orientam o relacionamento com os stakeholders;
- prestação de contas;
- ética e transparência nos negócios;
- governança corporativa sólida, que adere progressivamente em suas decisões os conceitos de sustentabilidade.
As práticas inseridas no dia a dia dos colaboradores também são exemplos que retratam a preocupação do Itaú em apreender e incorporar a sustentabilidade na sua atuação.
Plataformas, políticas e diretrizes (como o Uso Consciente do Dinheiro, Todos pelo Cliente e Critérios Socioambientais) são trabalhadas para assegurar cada vez mais que a gestão se aproxime da prática sustentável — tanto para com os clientes, como para a sociedade.
Bunge
Desde 2009 a Bunge aparece como destaque na lista da consultoria inglesa SustainAbility. Isso porque a sustentabilidade é um dos tripés da empresa, que desde 2003 publica relatórios sobre a performance de suas operações sociais, econômicas e ambientais, juntamente ao seu compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Em 2005, a companhia aderiu aos modelos da instituição europeia Global Reporting Initiative (GRI), que estabelece padrões internacionais de relatos sobre mudanças climáticas, corrupção e direitos humanos que atendam às expectativas de investidores, consumidores e comunidades.
Em 2008, o relatório de Sustentabilidade da Bunge foi auditado e conquistou o nível A+, tornando a empresa uma das únicas do Brasil e setorialmente no mundo a atingir essa classificação. Os indicadores refletem a transparência da Bunge, bem como seu compromisso com a sustentabilidade nacional.
Cemig
A atuação sustentável da Cemig foi premiada por organizações internacionais — Corporate Knights e RobecoSAM — que classificam o desempenho de companhias e sua relação com o meio ambiente.
Entre as avaliações, estão um conjunto de indicadores sociais, ambientais e de governança, além de fatores importantes para as companhias, como eficiência operacional, financeira, capacidade de inovação e eficácia na retenção e atração de talentos.
Esse reconhecimento destaca a preocupação e os esforços da distribuidora mineira na preservação do meio ambiente, em que 98% da capacidade de geração da empresa correspondem a fontes de energia limpa, especialmente a hidráulica.
O trabalho interno e externo junto à sociedade, ambos focados no desenvolvimento de ações cada vez mais sustentáveis, são os principais contribuintes para a obtenção de resultados tão relevantes.
Por fim, vale destacar mais uma vez: não faz muito sentido falar em sustentabilidade social de forma isolada, assim como também não devemos pensar apenas na proteção ao meio ambiente. Todos esses valores estão unidos por uma virtude chamada generosidade, que faz aflorar em nós o que há de mais humano.
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