O vocábulo “Ambidestro” vem do latim, onde o sufixo “ambi” significa “ambos” e “dext” significa “certo”, formando juntos a palavra representativa para pessoas que possuem a habilidade de fazer atividades com os dois lados do corpo, o direito e o esquerdo igualmente.
Cada lado do cérebro controla o lado oposto do corpo e a ambidestria é estimulada sempre que praticamos uma atividade que exige boa habilidade com ambos os lados: natação, luta, alguns instrumentos musicais ou ações simples com ambos os lados, como escovar o dente com a mão direita e esquerda, por exemplo.
Contextualizado a origem da palavra, vamos para o contexto?
Em 1974, Robert B. Duncan, pesquisador americano, usou o termo ambidestria organizacional pela primeira vez em um artigo acadêmico para descrever a necessidade de uma empresa funcionar em dupla estrutura.
Após muitas teses e reformulações de pensamento, hoje temos como ambidestria organizacional a necessidade demandada pelo mercado da empresa desenvolver sua atuação com o foco em duas competências: inovação, pensando no futuro, no longo prazo e na permanência competitiva no mercado, e em aumentar sua eficiência nas entregas presentes, para se manter excelente e na disputando o mercado atual.
Em 1991, o professor Stanford James March escreveu sobre a necessidade das organizações de exploração e explotação, basicamente equilibrar o seu foco, tempo e gestão entre criar novas formas de valor (exploração) e aumentar a eficiência naquilo que hoje é o corebusiness da empresa (explotação).
Por que aplicar a ambidestria organizacional?
O principal malefício da não adoção da ambidestria organizacional e uma das razões pela qual esse mindset foi apontado como uma necessidade pelo mercado é o fato de que a empresa perde agilidade, campo de atuação e poder de adaptação ao focar em apenas um dos pontos supracitados, seja espaço no mercado futuro ou espaço no mercado presente.
A organização pode se tornar obsoleta ao optar por focar apenas na melhoria do produto atual, deixando de enxergar e criar oportunidades inovadoras para ainda ser relevante no mercado daqui há 5, 10 ou 15 anos. E na outra alternativa, priorizando apenas investimentos de longo prazo e criação de serviços para um público futuro, perde-se a competitividade da atuação presente.
Além dessa visão de mercado, outros benefícios se apresentam quando falamos de ambidestria:
Competitividade:
Através da ambidestria organizacional e do foco nos dois momentos da empresa, o presente e o futuro, a organização garante protagonismo no mercado, sendo capaz de entregar excelência no que já é realizado hoje, conquistando ainda mais o consumidor e garantido a permanência no mercado através da criação de novas soluções que farão parte da vida do seu público em um próximo momento.
Escalabilidade:
Quando uma empresa une, em sua dinâmica, o foco na excelência e na inovação ela ganha escalabilidade. A organização consegue identificar de forma precisa demandas do mercado e do offering atual, criando oportunidades de crescimento, priorizando o necessário.
Produtividade:
Com a constante manutenção na excelência do produto/serviço, a otimização se torna parte irrefutável do processo. E como em toda otimização ganha-se um aumento de produtividade e consequentemente redução de recursos gastos.
Como implementar a Ambidestria Organizacional?
A principal chave a ser virada para a ambidestra fazer parte de uma organização é a cultural. Valores como excelência e inovação precisam fazer parte da comunicação, rotina e ações da empresa. É preciso investir no aculturamento diário.
Processos precisam ser muito bem implementados, gestores alinhados, metas traçadas (e acompanhadas) e muita pesquisa interna e no mercado para entender o que pode ser aprimorado, visando a excelência. Neste momento é primordial ter a estratégia de customer centricity e ouvir todos os feedbacks dos seus stakeholders.
Para ser referência em inovação é preciso criar novas soluções, com base em projeções de comportamento de consumo, parcerias estratégicas de negócio, pesquisa de tendências de mercado e estudo de concorrentes para a construção de uma visão de futuro.