Não tem jeito: o saldo negativo no final do mês é a dor de cabeça que mais tira o sono de qualquer gestor. Na prática, depois de meses seguidos em que a conta simplesmente não fecha e a empresa está prestes a entrar em colapso, a recuperação judicial pode se mostrar como única saída para os empresários fugirem da falência.
O detalhe é que empresas em processo de recuperação judicial ficam com a reputação manchada por se tornarem alvo de muita exposição no mercado. E é claro que isso dificulta ainda mais o fechamento de novos negócios que poderiam ajudá-las a sair dessa situação de pré-falência.
No entanto, antes de entender o universo da recuperação judicial, o foco de qualquer administrador deve ser o de não ter que se submeter a ela! Por isso, reunimos neste post algumas informações valiosas para driblar as armadilhas e manter seu negócio performando de maneira sustentável. Confira!
Primeiramente, o que é recuperação judicial?
Basicamente, a recuperação judicial é a última chance de uma empresa para evitar a falência. Para manter sua função social de estímulo ao trabalho e à atividade econômica, o governo implementou uma medida jurídica (Lei 11.101, de 2005) para ajudar as empresas que estão com a corda no pescoço.
Tendo seu Plano de recuperação judicial aprovado, o devedor passa a ter acesso a prazos diferenciados e condições especiais para a renegociação das dívidas, o que ajuda na trajetória para o restabelecimento da normalidade na empresa. Esse suporte é imprescindível para devolvê-la aos trilhos da estabilidade econômica.
Como as empresas entram nesse processo?
Falta de planejamento
Os motivos que levam um empreendimento a ser engolido pelo mercado em pouco tempo de vida podem ser os mais variados. Baixa lucratividade, concorrência e falta de investimentos em Marketing, por exemplo, são frequentemente apontados como causas para a morte precoce de um negócio.
Mas a verdade é que esses fatores geralmente decorrem de falta de Planejamento e Gestão adequada.
Deixar de lado a fase de planejamento, por exemplo, é um erro crucial que muitos administradores (de primeira viagem ou não) insistem em cometer antes mesmo de o negócio tomar forma.
Por meio do planejamento aprofundado, é possível fazer uma análise crítica do cenário em que a organização está inserida a fim de se preparar para eventuais pedras no sapato. Essa prática é obrigatória para a boa gestão e a sobrevivência de organizações de qualquer porte ou nicho de mercado.
O que você tem que entender desde já é: somente com os dados reunidos em relatórios e análises bem fundamentadas é que os gestores podem se preparar para tomar decisões importantes e driblar potenciais crises de qualquer origem.
Má administração
Como vimos, a definição das estratégias a partir do planejamento é o passo anterior à gestão do negócio propriamente dita. Depois de feitas todas as reflexões acerca da empresa, a próxima etapa envolve a implementação do plano. E aí entra a primordial figura do gestor.
Acredite: mesmo organizações com planejamentos bem realizados caem no erro da má execução dos respectivos planos, negligenciar cronogramas, não acompanhar de forma pragmática os processos e não possuir equipes capacitadas nas diversas áreas da organização, geralmente culminam com perdas e desperdícios na empresa, que podem ser materializados em juros pagos indevidamente, compromissos pagos em duplicidade, recebimentos não cobrados, obrigações tributárias e trabalhistas descumpridas gerando multas e processos jurídicos, gerando uma avalanche de problemas que nem sempre podem ser contidos.
As pequenas negligências impactam diretamente na lucratividade e, se recorrentes, são indicadores de que uma crise financeira pode começar a se instaurar na organização, sendo necessário antecipar-se a situações críticas atuando com uma gestão segura e eficaz com visão sistêmica e amparado por adequados indicadores da operação.
Com o mapeamento de resultados e processos definidos por metas, o administrador terá total capacidade de avaliar, monitorar e intervir antes que qualquer bola de neve se transforme na avalanche.
É indispensável manter o controle constante e austero dos gastos da Companhia, possuir níveis adequados de alçadas, workflow de aprovações e uma efetiva Governança corporativa conferindo compliance nos processos e na utilização dos recursos da Empresa, bem como uma adequada gestão financeira na decisão das aplicações ou captações de recursos de forma responsável e eficaz.
Ocorrência de fraudes
Muitas empresas são vítimas dos mais diversos esquemas de fraude. E, geralmente, o golpe vem quando todos menos esperam. Funcionários, administradores ou agentes externos podem se aproveitar da falta de controles e padronização dos processos, delapidando os recursos financeiros da empresa e potencializando riscos de descontinuidade da organização.
O cenário fica ainda pior quando há exposição das fraudes fragilizando a imagem da organização e dos funcionários que lá trabalham. Em casos como esses, é comum que os empresários só percebam o prejuízo quando já é tarde demais.
Causas externas
Cenários econômicos desfavoráveis para a ampliação do negócio, concorrência acirrada, inflação, mudanças tecnológicas e sociais são alguns dos fatores externos que têm forte influência sobre a performance das empresas.
O mundo está em constante mudança e é claro que o entorno da organização não vai permanecer o mesmo. A chegada da internet, com todos os seus desdobramentos, é um exemplo emblemático disso.
São incontáveis dimensões no ambiente macro da empresa que, se observadas com cuidado, têm a chance de se transformar em oportunidades de crescimento. Quando gerenciadas por empresários despreparados, não atentos aos sinais de mudanças e sem a resiliência para reposicionar o norte da Empresa, podem mergulhar a organização em um caminho sem volta.
Como evitar riscos organizacionais?
O gestor deve ter 2 questões principais em mente ao iniciar um negócio:
- se o negócio em que quer apostar é rentável;
- se a empresa conseguirá se manter no mercado.
Essas dúvidas serão respondidas com a elaboração de um plano aprofundado de negócio. Nele, é necessário reunir dados de todos os aspectos do mundo corporativo que possam afetar o empreendimento, tais como análises dos cenários financeiro, político e tecnológico, entre outros diagnósticos.
O objetivo é identificar tendências e preparar um panorama geral, fundamentado em referências específicas da realidade de mercado em que a empresa atua. Munida de todo esse conhecimento, a organização consegue montar um planejamento estratégico bem estruturado e focado em resultados.
Essa fase é crucial para que a empresa preveja os futuros gargalos que poderiam levá-la a uma eventual necessidade de recuperação judicial. A partir daí, ela terá a oportunidade de agir para que essa possibilidade nunca se concretize.
Execução das ações
Depois do diagnóstico feito a partir da análise do plano, pode-se passar para a elaboração das ações que devem ser executadas. Essas iniciativas devem se adequar aos recursos de estrutura, de pessoas e financeiros que a empresa possui. Afinal, não adianta elaborar dezenas de ações se não haverá dinheiro ou gente suficiente para tirá-las do papel.
O cumprimento do cronograma de ações é o motor que vai fazer o negócio girar de acordo com o plano e com as metas estipuladas. Cabe ao gestor realizar acompanhamentos pragmáticos e disciplinados para corrigir rotas e fazer ajustes, se necessário, à medida que os fatos vão tomando forma.
Foco na melhoria
A preocupação com Governança, Risco e Compliance (GRC) é fundamental para prevenir crises e eventuais processos de recuperação judicial. As práticas alinhadas de GRC garantem a integração das atividades de cada área do negócio e reforçam a clareza e a eficiência dos processos.
Com foco na melhoria contínua, o gestor tem uma visão unificada e transparente da empresa, com a segurança de saber que tudo está estabilizado. Esse acompanhamento mais próximo resulta em redução de custos, melhor gerenciamento de riscos, integração entre as áreas, salto na produtividade, qualidade e transparência.
Quer saber mais sobre soluções estratégias para sua empresa? Entre em contato conosco!
Colaborou com a produção deste conteúdo Marcelo Duarte Oliveira, Head of Finance da Vexia. Atuou também como Head das áreas de Planejamento, Excelência Operacional e Relacionamento com Clientes. Com mais de 30 anos de experiência, foi Diretor Executivo CSC da Nutrisaúde e Gerente Executivo Financeiro da Zatix S/A. Possui formação superior em Administração de Empresas e Ciências Contábeis e é especialista em Gestão Empresarial.