A promoção da ética deixou de ser apenas questão moral para ser uma ação indispensável à sobrevivência das empresas

Uma comissão de ética é formada por um grupo de trabalho representativo, multissetorial e multinível, criado com o objetivo de ser uma instância consultiva, investigativa e educacional em relação às posturas aceitáveis dentro de uma organização.

Recentemente, o alto volume de casos de corrupção visto nos noticiários nacionais — sobretudo as relações obscuras entre Estado e empresas privadas — fez com que o tema “ética” ressurgisse com grande força nas agendas corporativas do país, principalmente pelos impactos perversos que sua ausência provoca em uma organização.

Nesse contexto, a promoção da ética deixou de ser apenas questão moral secundária para ser diagnosticada como ação indispensável à sobrevivência das empresas. A formulação de princípios, monitoramento e conscientização de ações torna possível identificar desvios que extrapolam os limites da competitividade saudável e distorcem a função social da atividade.

Será que não está na hora de sua empresa ter uma comissão de ética? Continue a leitura para saber mais sobre o assunto!

Definição e composição da comissão de ética

Uma comissão de análise ética é formada por um grupo de trabalho representativo, multissetorial e multinível, criado com o objetivo de ser uma instância consultiva, investigativa e educacional em relação às posturas aceitáveis dentro de uma organização. E uma das atribuições mais importantes dessa comissão é elaborar o código de ética da companhia.

Um código de ética nada mais é do que um guia de conduta, materializado para que a empresa registre oficialmente seus princípios e, dessa forma, norteie o comportamento competitivo dos funcionários quanto aos limites de honestidade, justiça e retidão.

Trata-se de um facilitador que mostra a todos os stakeholders (fornecedores, clientes internos e externos) que a organização é capaz de buscar lucros, resultados e eficiência sem marginalizar questões como adequação às normas (compliance) e governança corporativa.

Essa comissão deve ser formada por, pelo menos, 1 representante da área de Gestão de Pessoas, 1 do Jurídico, 1 de Compliance e 1 da Auditoria Interna, sendo que todos esses membros devem ter nível sênior, com maturidade e autonomia suficientes para tomar decisões e autorizar investigações.

Atividades dos membros da comissão

Uma comissão de ética atua dentro de um espectro imenso de possibilidades. Algumas das mais comuns são:

  • implantar um código de ética na organização;
  • destacar aos colaboradores o fortalecimento institucional que ocorre sempre que seus membros agem dentro dos padrões de conduta da empresa — o que pode ser feito por meio de campanhas de endomarketing;
  • idealizar a realização de programas de treinamento e conscientização, com conteúdos específicos para cada um dos setores (Jurídico, Contabilidade, Vendas etc.);
  • buscar meios de capacitar os tomadores de decisão para que todas as suas ações estratégicas sejam adotadas dentro de padrões éticos, morais e legais;
  • promover um clima ético na organização, enaltecendo valores intangíveis — como honestidade, lisura e justiça — como essenciais ao trabalho de todos.

Falta de ética não passa apenas pela corrupção. Talvez sua companhia adote procedimentos que sejam vistos como desrespeitosos perante os olhos do consumidor. Nesse contexto, uma comissão de ética poderia diagnosticar essa sutil degradação na reputação da marca e realizar ações para reverter a situação.

Os benefícios de fazer a coisa certa

Assim como as pessoas são estigmatizadas de acordo com a forma com que agem socialmente, as empresas também são rapidamente associadas a sua postura no mercado. Por exercer uma certa função reguladora dessa “personalidade corporativa”, a comissão de ética gera diversos benefícios à organização, tais como:

  • auxílio na proteção da reputação da marca;
  • provisão e segurança jurídica e moral aos colaboradores e gestores;
  • alinhamento dos procedimentos da empresa;
  • fornecimento de consultoria e esclarecimento de dúvidas de âmbito ético-legal;
  • contribuição para o aumento da responsabilidade corporativa quanto ao seu papel externo (compromisso social, ambiental etc.).

Não importa o segmento do seu negócio; se você ocupa um cargo de gestão e sente a necessidade de conciliar posturas pessoais aos valores da sua corporação, é hora de pensar em formar uma comissão de ética.

Se sua empresa está crescendo e você precisa delegar tarefas, também é um momento oportuno para montar uma comissão de ética. E se você tem contratos com entes públicos (ou pensa em ter no futuro), criar uma comissão e um código de ética é primordial.

Os prejuízos de não investir (de verdade) em gestão da ética

Uma empresa é um organismo vivo, composto por milhares de células e sistemas que se interconectam, os quais, ainda que interdependentes, dispõem de atuação minimamente autônoma para macular a imagem da organização — muitas vezes, de forma irreversível.

Multas milionárias, suspensão de atividades, empregados desmotivados, perda da confiança na reputação da empresa e até prisões de sócios, controladores e gestores: essas são apenas algumas das consequências nocivas que costumam ocorrer quando os gestores não adotam uma postura proativa diante da questão da ética.

Acha exagero? Que tal recordarmos da cinematográfica fraude nos balanços contábeis de um grande Banco, que gerou a condenação de seu ex-controlador a 21 anos de prisão (posteriormente anulada pela justiça, mas que ainda tramita nos tribunais)? Ou da história da queda vertiginosa de uma das marcas mais famosas da moda brasileira, destruída por escândalos que ligaram suas fábricas ao trabalho escravo?

Nos Estados Unidos, a ausência de transparência foi o estopim para a quebra de um dos maiores bancos de investimento da história e também de uma das maiores empresas do setor de energia. E não pense que ausência de compliance, governança e lisura concorrencial destroem apenas os gigantes do mercado.

A importância de recorrer a quem tem expertise em GRC (Governança, Riscos e Compliance)

A complexidade da questão tem feito com que muitas organizações recorram a serviços especializados em avaliação de riscos e controles internos, análise de maturidade de processos, due diligence, auditorias internas investigativas, entre tantas outras soluções customizadas de conformidade.

Nessa parceria, empresas com imensa bagagem em ética empresarial e compliance assessoram as comissões na elaboração de códigos de conduta, bem como no desenvolvimento de uma cultura organizacional ética, sensibilizando seus membros mediante cursos, palestras, treinamentos, adequação de processos à legislação, auditorias etc.

De fato, não investir na gestão e em uma comissão de ética abre um perigoso vácuo por onde transita a sinuosa onda da corrupção e fraudes. Por qual postura você deseja que a sua empresa seja lembrada pelos consumidores?

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